Destruir você, por favor, ensine. Enquanto era divertido pra você, eu me remetia a dias de guerra, dias de cólera. Arrastaria você pelos cabelos e não deixaria sair daquele lugar enquanto não fosse meu, se eu quisesse, enquanto eu quisesse. Asfixiou minha inocência, incendiou meus sonhos. Pois é, querido, estou em chamas. A displicência que se escondia por trás de cigarros e garrafas vazias morreu de câncer, e agora restou a insanidade, a doença. Venha, chege logo. Essa será a melhor noite da sua história. O preço, sua vida, mas quando souber já será manhã. Acordará sozinho, sem suas roupas, sem documentos, sem ar. Meu gosto, deixarei meu gosto impregnado em você, e o meu cheiro vai te assombrar. Seus olhos vão me encontrar com outros corpos, e eu vou ter o prazer. Enquanto eu me divirto você se remete a dias de guerra, de cólera. E quando perecerem nossos corpos, encontro você no inferno, otário, estaremos juntos por toda a eternidade.
Ato I/Cena II: Sua Perdição
Eu de novo, ora sonho, ora pesadelo. Sim, eu fui, mas quis voltar, e para não ter que admitir a falta que eu senti de você, digo que foi apenas à procura de alguma diversão. Caminhei sobre o vidro quebrado, seu coração em cacos. Vi seus olhos brilharem ao me verem ali, na sua porta. Vi como você se dedicou a mim. Enxerguei através de você o que eu fui. Inverteram-se os papéis, mofados, mas ainda úteis. Por trás do meu sorriso (falso) eu sinto uma vontade imensa de rir de você, não com você. É um romance no qual eu sou a vilã, a que transforma a história em tragédia. É ridículo o modo como você se veste, sabe que é como eu gosto. É deplorável e libertina a forma como você me toca, sabe como fazer. As lembranças que eu costurei na memória fazem do seu gosto, amargo. Do seu cheiro, desagradável. Do seu toque, insensível. Agora eu sou por fora a que te satisfaz, e por dentro a que te mata aos poucos. Você não sente, querido, o gosto de veneno nos meus lábios ?
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