Era um dia comum. Acordei descoberta, o celular anunciava a manhã de setembro ao som de Eine Kleine Nachtmusik. Banho quente, café pequeno. Caminhando sem atenção, imaginando o quão chatas seriam as aulas do daquela terça-feira. Não me recordo bem do resto da manhã. Ao som do último sinal, demos graças a Deus por estarmos indo de volta pra casa, sem mesmo saber que Deus estava muito ocupado. Do corredor do andar onde eu moro, escutei a televisão, alta. Estranho, a televisão não costuma estar ligada a essa hora, mas eu pensava na fome, e acabei esquecendo, por muito pouco tempo, jamais me esqueceria novamente. As imagens da televisão eram inacreditáveis. Todos os canais repetiam incessantemente a imagem de um avião indo de encontro a uma torre. Minutos depois, sua irmã gêmea, também atingida, cederia. E eu não sabia o que pensar, por uma fração de segundo dei graças por estar em minha casa, segura. Um tanto egoísta, no segundo seguinte senti vergonha. Apenas 10 anos, 11, em 9 dias. Tão jovem, tão mesquinha. O desespero se misturava à fumaça, o fogo e os escombros engoliam conforme o seu alcance. Dois aviões, duas torres, milhares de pessoas, e um mundo paralisado, absorto na procura de respostas. A união diante da dor era necessária. Quando a poeira baixou não espantou a tristeza. E hoje, 11 de setembro de 2008, escrevo em tributo à tragédia, que eu pensei não ter me atingido. Mas será que é nesse mundo que eu quero viver ?

1 Comment

  1. Sandro de Oliveira on 11 de setembro de 2008 às 21:53

    Nunca perdeu sua consciência política... Confesso que eu teria esquecido. A TV me lembraria, se pudesse ter vontade de vê-la.
    Foi um dia triste, no qual não senti nada além de raiva da emissora por não estar passando dragonballZ.
    Éramos apenas crianças.

    ;*

     


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