Já era tempo. Confesso certa dificuldade em encontrar um tema para um novo texto. O papel é infinitamente mais paciente do que qualquer pessoa, escuta tudo sem interromper sequer uma vez. Poderia confessar meus medos e minhas falhas, poderia contar como foram os últimos dias. Pena que eu ache uma chatisse esse tipo de narração, e tenho pena de você, que já leu pelo menos até aqui. Gostaria de falar da saudade. A saudade que já é tão grande, mas tão grande, que deixou de ser substantivo abstrato. Tomou forma, consistência e tem até endereço. Pelo visto, não incomodou-se com essa pequena residência móvel que é o meu corpo. Imóvel em bom estado de conservação. Amplo espaço em seu interior, já que tudo o que não foi preso se foi. É, um dia a porta foi aberta, alguém entrou e levou tudo consigo, desde a alma até o ar dos pulmões. A saudade é espaçosa, ocupa qualquer cantinho vazio. Está presente em cada lembrança alegre e em cada objeto carregado de nostalgia. Saudade é o rastro que a felicidade deixa.
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