Agora assisto à luta insistente de um homem tentando desfazer-se de cordas que o prendem rente à uma maca improvisada no meio da sua sala de estar. Sempre dou início aos meus devaneios escritos com palavras que se associam ao presente. Agora, hoje, e coisas do tipo. Que tal começar contando sobre as coisas ruins que eu fiz ? Sobre tudo o que me assombra, como ter levado você à lua e esquecido você lá ? Ou pior, talvez contar as almas de todos os insetos que eu afoguei em xícaras de café gelado impróprio para o meu consumo. Eu vi as gotas de suor, as lágrimas do desespero, enquanto ela usava uma tesoura para cortar a carne alheia. Ó, Deus, como eu posso ser tão má ? Má a ponto de imaginar e não realizar. De enganar para não machucar, usando a displicência como uma espécie de anestesia local. Eu queria saber ferir com palavras, ver lágrima incolores e salobras, e não lágrimas vermelhas e densas, uma mistura de plaquetas e glóbulos. A menina que mora nos meus pensamentos fere com armas brancas afiadas com afinco. Precisão cirúrgica, sangue frio. Enquanto a que se veste com minha pele se rende às ocasiões e se anula em detrimento do outro. Quero além de sinceridade, ser má de verdade. Afastar de mim quem tem medo de agulhas, quem se sente mal em salas cirúrgicas e UTI's. Queria ser apta a uma autocirurgia, abrir cautelosamente minha própria cavidade toráxica, só para ter a certeza de que aqui ainda existe um coração que bate.
22 de fevereiro de 2009, 23h47.
i'm speechlees. um dos melhores,sis.
Não vou negar que tudo que está escrito seja puro fato.
Me sinto inglório em perceber que ainda continua nessa fase de querer continuar com isso.
Eu, que sempre esperei algo difrente da pessoa que sempre procurou ser feliz, me entriteço ao ler teus devaneios datilográficos.