Noah sorria. Seus dentes eram amarelados e um tanto tortos. Sorria porque as cordas eram muito fortes, e os gritos dela eram como música aos seus ouvidos. Noah cantou. Compôs uma música para a menina. Seus cabelos pretos e sujos contrastavam com sua pele alva, pálida, doente. Exalava o odor típico da mistura de suor e insanidade. Noah chorou. Ela nunca o quis. Ele deu quatros vivas a sua doce vingança. Ela tinha longos cabelos, ele gostava mais dos cabelos dela bem curtos. Uma faca assustadoramente afiada serviu para que fosse feita a sua vontade. Ficava bonita de qualquer maneira, mesmo enquanto chorava e debatia-se, desejando morrer, que tudo aquilo acabasse logo. Noah gargalhava. Ela já não tinha mais direito nem sobre a própria vida, quanto mais sobre a própria morte. Gritava por misericórdia, chamava o fim de um modo desesperador. Sonhava em ser atriz, e agora tinha seu próprio melodrama, seguido de tragédia. Ela não escolheu esse papel, mas ela o encenou e o fez sincero. Noah cortava. Como em uma autopsia, ele abriu sua caixa toráxica, era onde estava o xis marcado no mapa do tesouro. Enterrado ali, por baixo de toda a pele, os sonhos, a carne e o repúdio ainda batia o coração, que ele tomou em suas mãos e o guardou em um recipiente transbordado por solvente. Noah mostrava. Ele queria que ela assistisse, de forma concreta e definitiva, o que ela havia feito com o tesouro que ele a entregou em forma de amor, há anos atrás.

Amanda Terra, 28 de novembro, 15:45h.

4 infortúnios

  1. Dizzy on 23 de dezembro de 2008 às 20:43

    dramatico. Tadinha dela y.y

     
  2. Dizzy on 24 de dezembro de 2008 às 15:44

    não venha atras de meu coração, amr.

     
  3. no banho on 26 de dezembro de 2008 às 19:20

    eu faria como Noah,gostei dele.

     
  4. Kelvy on 30 de dezembro de 2008 às 11:45

    Coitada! ç.ç

     


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