Ela sentia a brisa leve envolver seu corpo de menina, seus cabelos, presos em uma longa trança, agora esvoaçavam sobre seus ombros. Além dos campos floridos e dos enormes moinhos de vento, ela via o mar. Nunca estivera em outro lugar do mundo, mas a Holanda era seu lugar favorito. Catherine acordou. Estava frio e cinza. A chuva caia, derramando sobre qualquer coisa um mau presságio, uma sensação ruim, encharcada de preocupações e medo. Um pedaço de espelho no chão insistia em lhe mostrar a criança que ela já não era. Seus olhos azuis não emitiam mais luz, as flores do campo já não enfeitavam mais seus cabelos vermelhos. Sua pele transparecia falta de vida. Ela prometeu que o esperaria fazer sua guerra, e assim ele voltaria. Sentiu a dor que ele sentiu, morreu quando ele morreu. Seu corpo agia automaticamente, ela estava programada, ela sempre programou os dias até quando ele voltasse. Então, levantou-se da cama onde estivera sentada por toda aquela manhã. Vestiu o seu melhor vestido. Arrumou os cabelos com um pente empoeirado. Esperou na janela que estava destinada a ser seu túmulo, o lugar onde seu corpo pereceria, à espera do reencontro. E assim ela esperou, e em um dia claro e quente, ele retornou.

Amanda Terra, 27/11/2008, 19:51h.

2 infortúnios

  1. no banho on 26 de dezembro de 2008 às 19:02

    ele retornou em um dia claro e quente *--*

    posso até ser boba,mas esse texto me tocou ;)

     
  2. Mandy on 26 de dezembro de 2008 às 19:08

    quase nunca escrevo texto de amorzinho, :)

     


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